março 16, 2009

Mobilidade: E se pudermos montar nosso próprio celular?

Luli Radfahrer vê sentido na tecnologia através dos benefícios práticos



Pensar nos benefícios dos produtos tecnológicos e não apenas em iPhones, BlackBerrys e suas gamas de jargões e siglas. Montar e customizar os aparelhos de acordo com as necessidades que eles podem satisfazer. Ver a tecnologia como uma possibilidade de resgatar a expressão humana, criativa e original de cada um.

São tendências apontadas por Luli Radfahrer, professor da USP e um pioneiro da área de comunicação digital. Ele palestrou em Porto Alegre na noite desta terça, dentro dos ciclos F5, da Associação Gaúcha de Agências Digitais (Agadi).

A proposta do encontro era falar sobre a realidade pós-iPhone... para onde vai a mobilidade e que mudanças ocorrerão nos hábitos dos consumidores? Um exercício de futurologia e tanto. Radfahrer vê como grande potencial de inovação do momento a idéia da italiana Arduino - projeto que propõe o open-hardware, onde as pessoas poderão utilizar componentes de produtos eletrônicos e montar o seus próprios, adaptá-los às suas necessidades. Algo parecido com o que já é realidade no software-livre:

– O que a Arduino tem de bacana? Se eu não quiser nem iPhone, nem Android, nem Blackberry eu faço um meu. Pensa o seguinte: a idéia básica é aquilo que vai gerar um monte de novos produtos. A hora em que qualquer carinha em qualquer lugar de planeta cria um aparelho, você vai ter uma overdose de inovação.

Esse quadro de futuro próximo da mobilidade incluiria disseminação das funcionalidades de telefone, conectividade e localização não apenas em aparelhos, mas em roupas e acessórios:

– A gente vai ter GPS nas coisas. Vai ter telefone nas coisas. É só você desmontar qualquer um desses aparelhos e você percebe que os componentes que realmente fazem a diferença neles são muito baratos. Então, tem um chip GPS que custa US$ 5. Não vou implantar na minha pele. Vou implantar na minha calça. E visto ela quando quiser estar "tagueado" - explicou.

Sugestão de cardápio

A partir da capacidade de troca de informações que a mobilidade proporcionará, Radfahrer deu um exemplo de inovação para a vida prática: a pessoa chegará em um restaurante e esse fará a leitura das informações de histórico e comportamento disponíveis (ela bebeu demais na noite anterior? que tal então uma salada? Ela está de dieta? Está praticando esportes?) Tudo isso é então levado em conta na hora de sugerir o cardápio:

– O restaurante sugere um prato, uma porção e um preço, de acordo com o que você come. É bom negócio para você e para o restaurante. Isso é possível, mas a inteligência para isso ainda é muito cara - avaliou.

Generativos e o Twitter

Radfahrer destacou a importância dos conteúdos originais, gerados através da tecnologia, de ferramentas como blog e Twitter. Segundo ele, mesmo um telefone celular, ou um iPod passam a ser originais, na medida dos conteúdos que inserimos dentro deles. Assim, a qualidade do playlist do iPod, por exemplo, tem valor de um bem generativo.

– Os bens generativos são bens humanos, ninguém tem. Ninguém mais consegue ter aquilo que eu tenho. A gente olha a trecnologia como uma evolução. Mas a tecnologia devolve para você a sua característica humana, original. O que faz diferença é o que só você tem. Graças as tecnologia, você volta a poder gerar o conteúdo que fazem você você – considerou.

E o Twitter? o que tem a ver com isso? Segundo o palestrante, tudo:

– Qual o poder do Twitter? O que você esta fazendo é o que você tem de único. Parece louco ninguém perceber isso: dizem que o Twitter é a nova modinha, vai cair... NÃO. É uma das primeiras coisas que permite que você consiga publicamente contar para todo mundo aquilo que só você tem.

Algumas frases da palestra de Luli Radfahrer
"O grande problema que temos com as novas tecnologias é que a gente só percebe a hora que o trem passou por cima. Quando você pensa na Apple, você percebe que a Sony tinha muito mais condições de montar toda a estrutura do iPhone do que a Apple. A Nokia também. Eles não fizeram, acredito eu, porque acreditaram que o modelo que tinham era eterno, era fixo... acreditaram que já tinham chegado lá. A gente vive hoje isso com a Microsoft, com a Apple e com o Google"

"Se você acha que tá confuso apenas com iPhone, Blackberry e Android... eles são só três. A hora que qualquer carinha, em qualquer lugar do planeta, cria um aparelho, você vai ter uma overdose de inovação."

"É importante parar de pensar em tecnologia mas pensar no benefício real que ela tem. Por que eu preciso disso? touch screen não é um benefício, é uma característica. Benefício é o que eu consigo a partir do touch screen."

"O iPhone é muito legal. Lente de contato dura já foi legal. Câmbio manual já foi muito legal. Até a hora que pega o câmbio automático."

"Não adianta pensar assim: enfiar um computador dentro de um telefone. Enquanto pensar assim, eu nao consigo pensar na real evolução... por que? Na verdade o que eu tenho é qualquer aparelho, de qualquer tamanho, com capacidade de coletar informações, pega essas informações de contexto, integrar, calcular e comparar com banco de dados."

"Eu fiz algumas experiências no Twitter e me diverti horrores. Um dia, acordei pensando em placas tectônicas. E escrevi no Twitter: O que você está pensando? Porque estou pensando em placas tectônicas (...) Mas o que tem a ver placas tectonicas? Tenho uma característica humana de ser completamente imprevisível, como em uma mesa de bar. Você pode discutir políticas, a relação... a solução do planeta. Não tem uma pauta. A gente conversa com nossos amigos. E é isso que o Twitter tem de bacana. Nao importa da onde eu tuito ou de que aparelho."

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